"Fui ficando cansada e não conseguia mais me mexer tão rapidamente e tentar me levantar, tudo foi ficando escuro, não respirava mais"

Posted: | por Felipe Voigt | Marcadores:
(N.O: O texto é grande pra caralho... e N.O é "Nota do Ogro", caralho!)
Querido Ogro,

Namorei um cara por um ano e nove meses, eu então com 18 e ele com 26. Perdi minha virgindade com ele e o pedi em namoro por medo dele fugir, sei lá... Que me disse que pra ele já era namoro antes de eu me entregar. Já estávamos ficando a uns dois ou três meses. Bom, no início é tudo sempre lindo, ele me tratava bem, nós saíamos, namorávamos na casa dele, na minha, a família dele me tratou melhor que a minha própria, minha família inteira o conheceu e gostou dele. Sem saber dos pormenores, claro! (ele é ex-dependente químico, bebe, fuma cigarros e maconha feito um louco e mais coisas que vou contando logo mais...)

Nas nossas relações temos que ser discretos, sempre fiz de tudo pra não virar assunto nos almoços de domingo com a família e ainda assim de vez em quando apareciam falando algo de mim... mesmo sem saberem do que realmente acontece. Eu nunca tive lá muito amor próprio, minha auto-estima é uma merda, então eu não ligava pro jeito dele.

Ia relevando as pisadas de bola, deixava pra lá quando ele enchia a cara com os amigos e me procurava depois, quando sempre recusava usar camisinha, ou quando ia sair comigo e ficava chapado demais, afinal eu também bebo e até fumava com ele de vez em quando pra curtirmos a coisa toda juntos.

Com pouquíssimo tempo de namoro ele já veio dizendo que me amava e eu não sabia o que dizer. Pedia pra ele não ficar falando isso, pois eu não sabia ainda o que sentia. Mas com o tempo eu acabei gostando, homem apaixonado faz tudo pra se provar e a gente acredita mesmo. Até porque pelo meu histórico deprimente em relacionamentos, amores platônicos, foras e sempre ser a amiga feia de alguém... Agora tendo alguém que me achava bonita, inteligente e não queria só me comer era realmente muito bom! O namoro foi indo, as pisadas de bola cada vez mais frequentes.

Um dia fui pra casa dele e íamos sair pra comer, ele fumou erva pra caralho, os pais já acostumaram... Daí saímos, fomos num quiosque, estava lotado, eu tinha insistido muito pra irmos e ele não queria ir, quando vi que estava cheio desisti e disse “vamos deixar pra lá” e fui em direção ao ponto de ônibus do outro lado da rua pra ir embora. Dei uns quatro passos, ele chapado não acompanhou, ficou parado lá e no meio da calçada lotada de gente ele começou a me gritar:

"VOCÊ É LOUCA? PORQUE INSISTIU PRA VIR AQUI SE NÃO QUER ESPERAR? TÁ LOTADO E EU NÃO TENHO CULPA. E AGORA VOCÊ ME DEIXA AQUI E SAI ANDANDO, SUA INFANTIL! VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO DO QUE TÁ FAZENDO. VOCÊ PIROU, PORQUE NÃO ESPERA JÁ QUE QUERIA TANTO? TÁ ME FAZENDO DE IDIOTA, EU NÃO SOU IDIOTA, QUEM VOCÊ PENSA QUE É?"

E só foi piorando, Travei, todo mundo olhando pra gente e comentando sem entender nada. Implorei pra ele parar de gritar, comecei a chorar de vergonha, me senti humilhada, totalmente exposta e desrespeitada. Sei que poderia ter feito de outro jeito, sei lá, mas íamos esperar demais e pensei que não faria diferença se eu comesse outra coisas em casa quando chegasse. Não esperava de forma nenhuma que ele surtasse, nunca tinha acontecido antes. Quando ele se acalmou eu estava agachada no ponto de ônibus aos prantos. Daí veio meu ônibus e eu disse sem olhar pra ele: “Não acredito que você fez isso. Vou embora, não venha atrás de mim”.

Entrei no ônibus e ele veio atrás assim mesmo. E ficou dizendo que eu estava errada porque não o respondia, porque não falava com ele. E eu só encarando o chão e chorando. Ele continuou falando e eu não conseguia dizer nada, nem olhar pra ele. Quando finalmente consegui destravar um pouco e dizer algo, o mandei ir embora e ele desceu do ônibus no ponto seguinte. Cheguei em casa um lixo, arrasada, fui pro meu quarto e entrei no modo zumbi, não comia, não estudava, só sabia ficar no quarto chorando. Ele me procurava,mas nem conseguia falar, dava desculpas pra não atendê-lo no telefone, nem no MSN. Ficamos uns 10 dias sem nos ver, ele ligava o dia inteiro. Já no fim desses dez dias comecei a pensar em tudo que eu já tinha passado gostando de pessoas que não gostavam de mim, do quanto isso me machucava, fiquei com medo de ficar sozinha pra sempre e no 11º dia liguei pra ele e disse que viesse me ver.

Voltamos, eu fiquei feliz de não estar só e frustrada por ter me ferido mais uma vez o orgulho por causa de um cara. Quando cheguei no auge do que eu achava que era amor tudo começou mudar, a gente transava e eu não conseguia mais sentir prazer, o beijo dele já não era o mesmo, era nojento, tudo era nojento, e quando rolava eu só rezava pra ele ir logo, gozar e me deixar em paz. Então num mês minha menstruação atrasou, fiquei desesperada, fiz ele me pagar um teste de gravidez, esperei dias até arranjar, porque ele não tinha, mas pra minha sorte foi um alarme falso. Se eu tivesse, seria o fim da minha vida. Não quero ter filhos e jamais colocaria uma criança no mundo pra ser subjugada por um erro meu.

Continuei o namoro, achando que era só fase, que era porque eu ainda estava magoada, mas ia passar... Eu era a namorada perfeita, fazia tudo que ele queria, dificilmente reclamava, dava presentes, cozinhava, não tinha tempo ruim e sabendo disso ele foi se acomodando, foi se mostrando um porco, desleixado, com a aparência e limpeza.

Um dia fui sugerir que ele podia se vestir melhor e ele gritou que o conheci assim, já sabia que ele era assim quando o conheci e não ia mudá-lo nem fodendo. Outra vez fomos no aniversário da avó de um amigo dele, ele encheu a cara e deu o maior vexame, começou a chorar e dizer que ele não tinha avó, que estava emocionado. Quando pedimos pra ele se controlar ele disse que a gente (eu, o tal amigo e a noiva do tal) não o respeitavam, que ele era sensível e ninguém ligava.

Tudo isso acabei deixando pra lá, mas o fim realmente pra mim, quando já estava farta de ser compreensível demais foi quando ele resolveu que tínhamos de viajar juntos, fez o maior drama, implorou, disse que iria, mas não iria sem mim, já que era uma viajem de casais e não poderia ficar sobrando com o casal de amigos dele. Realmente não soube como dizer que não ia e ser firme na decisão. Começaram os preparativos e íamos pra praia, arranjei casa e tudo pra passarmos o reveillon. Mas o amigo rico dele tinha comprado uma luneta e queria ir pra chapada ver o céu. Mudamos tudo, todo meu esforço procurando estadia foi jogado fora.

Fomos pra chapada e esse amigo dele tirava onda de adulto e ficava me zoando por ser mais nova que todos eles, me chamava de criancinha, menininha birrenta. Dizia pro meu namorado: "Vai lá ver sua namoradinha!" E eles riam. Fui ficando farta, no segundo dia já não olhava pra cara dele, mal dizia um bom dia. Um dia fizemos uma trilha enorme e fiquei quebrada, cansada pacas, toda dolorida... Chegamos na pousada tomei um banho e fui me deitar, veio meu namorado procurando um buraco pra se enfiar...

Eu disse que não estava bem e ele continuou assim mesmo, deixei ele fazer o que tinha de fazer pra me deixar em paz, no meio da coisa toda me deu uma angústia absurda, me senti suja, usada, um lixo e comecei chorar, a soluçar. Foi incontrolável e ele me olhando assustado e perguntando o que tinha acontecido. Eu disse pra ele me deixar, ele se vestiu e foi fumar maconha com o amigo, nem sei que horas voltou.

No dia seguinte não soube como agir, acordei, tomei banho, saímos e só respondia quando falavam comigo... Fiquei com fama de estraga prazeres, mal-humorada, mal-educada. E só ouvindo as piadinhas indelicadas do amigo dele.

Fomos num lugar lindo, um rio cristalino, um paraíso, fiquei um pouco melhor devido a beleza do lugar, conversei um pouco mais e um tempo depois estávamos brincando na água. Até o amigo dele começar com aquela brincadeira idiota de jogar água no rosto das pessoas e empurrá-las. Pedi que parasse, meu namorado e a noiva dele só assistindo a discussão. Daí ele começou a dizer: "Você é muito chata e infantil, tá estragando a viajem de todo mundo, acorda e mal dá um bom dia, sua mal-humorada!'' E eu dizia: “Eu disse que não queria vir e insistiram, fizeram o maior inferno, eu só estou aqui por que seu amigo ali me implorou...”.

Então ele continuou me jogando água no rosto, estávamos na parte mais funda onde eu só ficava com parte do pescoço e a cabeça do lado de fora. Ele disse: ''que nada, você é insuportável, merece um caldo!'' Me alcançou debaixo d'água pelas pernas e me empurrou, enquanto segurava pra fora da água uma delas, eu me debatia e não conseguia levantar, ele continuava me segurando pela perna e eu me debatia feito doida, sei que durou alguns segundos, mas pra mim que não sei nadar foram como horas, fui ficando cansada e não conseguia mais me mexer tão rapidamente e tentar me levantar, tudo foi ficando escuro, não respirava mais, tinha uma pressão absurda na cabeça. Quando parei de me mexer senti que ele soltou meu tornozelo, meu corpo subiu na água e levantei a cabeça caçando ar pra respirar desesperadamente e fui caindo, escorregando pra beira do rio, engatinhando até as árvores próximas com muita, muita falta de ar.

Quando consegui ficar em pé, saí andando rápido e me escondi numa árvore mais ao longe e eles nem viram onde. Me deitei no chão chorando e fiquei me perguntando porque eu tinha que passar por isso tudo, porque eu me deixei passar por isso tudo, o quão ruim eu sou pra ter que passar por isso. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas quando me acalmei mais um pouco fui procurá-los com medo de me deixarem lá. Então os encontrei e estavam todos assustados, diziam que estavam me procurando e perguntavam porque eu tinha feito isso com eles, que os preocupara muito. Entre soluços e choro eu disse pro amigo do meu namorado: “Você acabou de tentar me matar! Você me afogou!”. E eles dizendo pra mim que foi brincadeira. E eu dizia: “Brincadeira? Ele só me soltou quando parei de respirar! Você não viu?” E meu namorado respondeu: ''Não vi nada, virei as costas pra não ver quando vocês começaram a brigar!''. Eu dizia: “Você não fez nada! Ele quase me matou e você não fez nada, me deu as costas... Queria ver você chegar na minha casa com meu corpo e explicar isso pra minha mãe se eu tivesse morrido.''

Mais uma vez me disseram o quando eu era mal agradecida, mal-humorada e estava estragando tudo. Voltamos pra pousada, não disse mais nada a nenhum deles e meu namorado ainda queria que eu fosse pedir desculpas por trocar farpas com o amigo dele. Arrumamos tudo e voltamos pra casa. Foi um alívio finalmente ficar longe deles. Já em casa, uns dias depois meu namorado veio me ver e não soube como recebê-lo, como tratá-lo, ele deu umas investidas e me recusei a beijá-lo, a tocá-lo e a deixar ele me tocar. Pedi que ele fosse embora e disse que não estava bem. Ele ficou assustado, pois eu nunca tinha recusado antes. E depois de uns dias sofrendo ainda, muito cheia dessas coisas todas que haviam acontecido, acabada, terminei o namoro aos prantos e meu então ex, só dizia que entendia, expliquei que não estava feliz, que não o amava... Disse da melhor forma que encontrei pra dizer. Ele não esboçou nada, nem culpa, nem pesar, nem que sentiria falta. Fez cara de coitado e dizia que entendia o que eu dizia. Passou um mês e acabamos nos vendo num show, ele estava acompanhado e eu com algumas meninas que estava saindo a pouco tempo. Do nada entrei e alguém me atropelou, me abraçando, me arrancando um brinco da orelha, quase me derrubando, todo suado, fedendo a bebida e dizendo sem parar que sentia minha falta. Era ele.

Me soltei e abaixei procurando meu brinco e saí como se tivesse sido um engano... Curti o show como a muito tempo não fazia, não tinha vida quando estava namorando, vivia pra ele, só ficava com ele e depois de uns 5 meses de namoro a gente simplesmente só saia da casa de um pro outro. Mas agora eu estava livre, me sentia leve, sentia como se um grande peso me fora tirado das costas. Ele não parava de me procurar, ligar e mandar e-mail depois disso. E eu só dizia pra ele não me sufocar mais... Achei que tinha superado depois do mês de fossa que passei após terminar o namoro. Ele sempre arranjava um jeito de tentar falar comigo, dizia que estava sofrendo que me amava e queria voltar, que nenhuma mulher fez por ele o que eu fiz, nenhuma o aceitou como eu fiz, nenhuma o compreendera tanto, nenhuma cuidou tanto dele quanto eu e sua própria mãe. E eu ouvia os desabafos, ficava horas ouvindo ele se queixar da vida de merda que era sem mim e dizia que ele tinha que superar, que não ia morrer sem mim como dizia. Todos os dias durante muito tempo ele fazia isso, tomava meu tempo até o dia que eu disse que ele não ia mais ter minha atenção e que não queria mais contato com ele de modo algum.

E sumi de tudo, dos lugares onde a gente se encontrava por acaso, dos shows que ele ia sabendo que me encontraria, nem passar perto da casa dele eu passava mais. Excluí dos meios sociais-virtuais. E evitava falar sobre ele pra qualquer um. Até hoje, quase três anos depois, quem não sabe dessas coisas me pergunta o que houve, se éramos perfeitos juntos, porque acabou?! Minha mãe fica me enchendo porque não gosto quando falam dele, fico brava sempre que acontece. Ela nunca soube de nada disso...

Ele continua achando meios de falar comigo e sempre ignoro, mas confesso que fico morrendo de ódio disso. Me afastei da família dele que era ótima comigo por causa dele, para evitá-lo. E outro dia adicionei a cunhada dele que me ligou cobrando minha presença, e me zoando, perguntando se não tinha nenhum recado pra ele ou porque eu não ia vê-lo. Dei uma boa resposta nela e no dia seguinte ele entrou no MSN dela e se identificou, querendo falar comigo, tive um ataque de fúria e perguntei qual parte do ''não me procure mais'' ele não entende? E ele zombou de mim, dizendo que queria ser gentil, mas se deparou comigo, uma criatura única. ¬¬

O fato é... Odeio saber que ele existe e que fez tudo isso comigo e se acha no direito de me zoar ainda. Me desculpe por escrever tanto, mas são anos resumidos em um e-mail e preciso muito saber o que você acha, preciso que suas palavras me ajudem a me livrar desse encosto que essa história se tornou na minha vida. Desde já agradeço! Espero que possa ser atendida... Te admiro muito! Beijos

Minha cara desafogada,

Quantas vezes numa relação precisamos engolir a seco os desaforos do outro lado e nos sujeitar a sermos algo que não somos, apenas para agradar o outro lado? Todo começo de relacionamento é assim: inevitavelmente um lado se submete mais do que o outro.

No seu caso, você era mais nova, estava ainda naquela coisa de se sentir adulta aos 18 anos, toda independente e confusa e se viu namorando com um cara de 26 anos, teoricamente mais experiente e, consequentemente, mais carente. Quanto mais vivemos, mais carecemos de coisas e de pessoas.

No seu caso, ele acabou projetando todas as carências em você e você não soube lidar com isso. Ninguém nunca sabe e nunca deveria ter esse peso nas costas. Mas o problema de tudo não está apenas nisso. Você precisa identificar também a sua parcela de culpa no que aconteceu. Claro: você tem culpa também. Naquela época você não sabia de muita coisa. E não adianta dizer o contrário: aos 18 anos não sabemos de quase nada!

Percebe como você foi se sujeitando ele mais do que ele a você? Aceitava transar sem camisinha porque ele iria brigar se você exigisse uma; enchia a cara e fumava junto com ele por medo de ser tachada de careta ou por medo de que ele não gostasse de você caso se recusasse. (Tá, mesmo gostando de beber e fumar, muitas vezes você fazia apenas para não desagradá-lo)

Isso tudo por causa da sua falta de amor próprio e auto-estima inexistente. E assim como ele projetava as carências dele em você, você fazia o mesmo com ele. Ao namorar um cara tão dependente assim, você estava se colocando numa posição de “necessidade da existência”: ele “precisava” da sua existência e isso te fazia, de certa forma, se sentir útil para alguém. Por isso não ligava para o jeito dele e para o que era feito.

Por isso não conseguia dizer que o amava. Porque não amava, de fato. Era apenas uma muleta. Ambos se usavam como muleta. Mas ele se apoiou nela mais do que você. E você caiu dessa muleta quando ele gritou contigo. Ali ele mostrou que você, talvez, não fosse a coisa mais importante da vida dele como você esperava ser. O encanto se quebrou e você voltou a se sentir ruim, sozinha, burra, feia e mal-amada. Agora, me diga uma coisa: você realmente precisa de alguém para se sentir diferente? A pergunta é retórica pois a resposta está explícita.

Todos os outros “poréns” do namoro, inclusive o clássico amigo-idiota, é comum, natural e usual. Sempre será assim, de certa forma. Você não gostará de algumas coisas nos amigos dele nem gostará da forma como ele age perto deles. E ele ficará puto por você tentar mudá-lo.

Não projete seu bem-estar em ninguém. Se sinta bem com algumas pessoas, queira a companhia delas, precise do carinho delas, mas não faça disso uma necessidade extrema. Você terá momentos péssimos em que se sentirá um lixo, a pior pessoa do mundo, a única a sentir o que sente e se depreciará ao máximo que conseguir. Você se sentirá assim estando acompanhada ou não. Mas uma hora isso passará, para voltar depois. Aprenda a conviver com isso e não tente fugir dos sentimentos ruins. Eles sempre estarão em você. Conheça-os para sofrer um pouco menos.

Só há um jeito de sair desse contato que tanto te faz mal: não deixando mais ele ter acesso a você. Nesses anos todos, você sempre deixou brechas abertas e isso na cabeça dele é vista como uma chance de reatar algo. Por mais que a família te adorava e adore, você não tem nada a ver com isso. Acabou o namoro, foda-se! A responsabilidade de cuidar dele não é mais sua.

E desça um pouco do pedestal em que ele te colocou. Você não é a razão da existência dele.

No resto, vá quebrar mais a cara até achar que aprendeu algo. Só assim achará algo que valerá a pena, mesmo que por alguns instantes.



PS: Depois de conversar com você melhor, percebi que o problema todo está no lance do afogamento. Que esse trauma é que você não superou ainda. Mas precisa superar logo. Isso aconteceu há três anos e ainda usa esse acontecido para justificar posturas suas atuais.

Me disse que "morreu um pouco naquele lago" e que "nunca mais sua vida foi a mesma". Traumas surgem e são esquecidos conforme lidamos com eles. Tudo tem o tamanho que damos para aquilo.

Tanto é que não comentei nada sobre isso por achar que deva minimizar, mesmo, o que aconteceu. Foi uma brincadeira idiota e de péssimo gosto de um idiota sem noção. Assim como ele poderia te trancar dentro de um quarto escuro em uma chácara por uma hora. Você teria medo de dormir no escuro, assim como tem medo de enfiar a cabeça embaixo do chuveiro hoje. Qualquer outra coisa que fosse feita você guardaria um trauma...

Percebe como a projeção das carências e problemas nos pregam peças? Precisa urgente deixar esse fato lá atrás e parar de usá-lo como desculpa para ser como é e sentir pena de você mesma por causa disso.

Ok, seu namorado na hora do ocorrido lhe virou as costas. Foi outro idiota que teve uma ação mais idiota ainda. E aí? Vai passar o resto da vida se lamentando por causa daquilo? Usa aquilo como muleta emocional para justificar todos os atos e pensamentos que tem hoje. E assim você foge da real resolução dos problemas. "Ah, eu quase morri afogada... Tenho direito de ser revoltada". Fosse assim, todos as vítimas de bullying poderiam ser assassinos, então. Afinal, encontrariam motivos para isso.

O amadurecer é isso: lidar com os problemas do passado com a concepção do hoje. Entender HOJE como foi que aconteceu o passado e deixá-lo lá. No passado. É piegas, é clichê, mas é a real.

Pare de encontrar nisso desculpas para ser uma coitadinha que o mundo não sabe entender e que ninguém entenderá. Se nem você se entende, não cobre o mesmo dos outros. Só receberão de você aquilo que deixa verem de você.

6 comentários:

  1. Anônimo disse...
  2. Nada além do que eu já não soubesse e é exatamente isso que me perturba.
    Ainda assim agradeço a assistência e tudo mais...

    Beijos

  3. Carla de Deus disse...
  4. A maioria das mulheres têm a mania de colocar a responsabilidade da sua felicidade nas mãos dos parceiros, de fazer pelo parceiro e achar que ele tem obrigação de fazer igual ou mais, mas deve ser assim mesmo? Não devemos nós batalharmos pela nossa felicidade e quem estiver ao nosso lado deve ser um complemento da nossa vida e não o único suporte? Não devemos aprender a ter prazer em fazer por eles porque nos dá prazer em agradar e não porque achamos que é obrigação de fazer? Temos o hábito de não falar o que nos desagrada e achamos que eles tem obrigação de adivinhar o que queremos, se eles perguntam se está tudo bem e respondemos que sim, eles acreditam, e a culpa é deles? Por que não falamos?
    Traumas todos temos e são realmente ruins, mas ou nós batalhamos pelas nossas vidas ou ninguém mais fará! A responsabilidade da nossa felicidade é só nossa! Claro que todos devem ceder em vários momentos em qualquer tipo de relacionamento, mas somente até o ponto que não nos ofenda, não nos humilhe e não vá contra os nossos princípios sejamos ele ou ela, afinal sou contra qualquer "ismo" seja machismo ou feminismo.
    Creio que essa situação toda que passou deva valer para seus futuros relacionamentos como experiência, não como trauma...
    Viva a sua vida! Ela é realmente boa!!!

  5. Camila disse...
  6. Eu também já tive uma experiência bem parecida com essa, amarraram meus pés junto com as mãos e me jogaram na piscina...e só me tiraram qdo eu ja estava quase inconsciente. Não deixei isso me afetar, o problema é a sua falta de amor próprio, a necessidade de ser amada por outra pessoa...e isso só você pode resolver. Ame-se a si mesma, pois só assim vai conseguir o amor das outras pessoas. E lembre: que o seu amor seja sempre maior por você mesma, do que pelos outros.
    Você consegue, basta querer!!

  7. Anônimo disse...
  8. Meninas, agradeço por comentarem...

    Então Carla, no início eu dizia sempre de forma civilizada o que não gostava, parei de sair com ele porque bebia d+ e dava vexame. Obrigava ele a usar camisinha e ele automaticamente broxava quando colocava, e depois de algum tempo sem sexo tentava e não conseguia. Não me submetia totalmente a ele, era como num casamento, a partir do momento que cansei de tentar que ele melhorasse nisso, me cansei. EU sempre sedia, eu sempre tinha a boa vontade de ponderar e isso me sufocou.

    Camila, admiro sua força e sua capacidade de não deixar se abalar por algo tão terrível. Eu AINDA não tive essa força toda pra superar, minha cabeça sempre manda uns flashes do que aconteceu. Mas eu escrevi, ainda que a resposta tenham sido coisas que eu já sei, porque achei que expondo o problema ia ajudar a superar. Claro que quando é com a gente, achamos que é pior.
    Agradeço de novo pelo apoio, valeu Felipe.

  9. Carol Viana disse...
  10. Eita, cheguei atrasada demais???? Tudo que já foi dito por todos se resume em uma única coisa, menina. Se ame... SE AME!
    Se fosse alguém muito querido seu q tivesse passado por isso, vc deixaria de amar essa pessoa?
    Com certeza, a resposta será não.
    Então, vc só precisa ter consigo mesma a mesma dedicação q teve com outras pessoas, como esse ser q hoje vc não suporta.
    superar tem muito a ver com SE AMAR.
    E a forma de conseguir isso, só vc vai descobrir.
    Trate-se bem, com gentileza, amor, se dando apenas coisas boas e deixando as ruins lá no passado.
    Todo o esforço deve ser nesse sentido. De fazer tudo por você, antes de esperar que outros façam... se vier, ótimo. Mas tem que vir antes de tudo de você mesma. Beijos

  11. StreetPreachers disse...
  12. Aprendi uma coisa muito interessante neste post, "Pare de encontrar nisso desculpas para ser uma coitadinha que o mundo não sabe entender e que ninguém entenderá. Se nem você se entende, não cobre o mesmo dos outros. Só receberão de você aquilo que deixa verem de você."

    Eu precisava ler algo assim, para entender que sou muito nova (mais nova que a garota do post), para me abalar por coisas que embora me machucaram mas me fizeram amadurecer, como dito, usar esse acontecimentos como muleta sentimental serviu para algo, e como serviu. Temos histórias diferentes, mas a dor é igual. O modo de se reerguer também, parte de dentro.

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